O Arquétipo do Amante rege todos os tipos de amor humano, desde o amor parental e a amizade, até o amor espiritual. Mas tem maior importância no amor romântico. Pense nos antigos deuses romanos do amor – Cupido e Vênus – e em todos os ídolos clássicos do cinema, como Angelina Jolie, George Clooney, Scarlet Johansonn e Brad Pitt.
O Arquétipo do Amante também inspira o gênero da literatura e cinema românticos. Todos sabemos que o enredo dos romances segue uma estrutura bem definida: A bela e jovem heroína encontra o príncipe encantado, mas alguma circunstância ou mal-entendido os mantém separados até que, após grandes provações, a verdade é restabelecida e eles vivem felizes para sempre.
Por que tantas pessoas lêem livros e assistem filmes com esse mesmo enredo, ano após ano? Porque eles despertam um profundo anseio humano pela experiência arquetípica do verdadeiro amor.
Apesar de mais mulheres do que homens consumam os filmes e romances do arquétipo do Amante, muitos homens também são atraídos por esse conteúdo. Na literatura voltada para o público masculino, geralmente a aventura ocupa o primeiro lugar, com a história de amor em segundo plano. De qualquer forma, o herói nunca será verdadeiramente herói se não conseguir ficar com a mocinha no final.
O arquétipo do Amante nos dias de hoje – em que 1 em cada 2 casamentos termina em divórcio – está presente não apenas nos jovens, mas em todas as faixas etárias. Ele está presente tanto no desejo em manter o amor do parceiro atual (que pode ir embora) quanto na busca por um novo amor.
Desejo básico: conseguir intimidade e experimentar prazer sensual.
Meta: manter um relacionamento com as pessoas, o trabalho, as experiências que ama.
Medo: ficar sozinho, “tomar chá de cadeira”, ser indesejado, não ser amado.
Estratégia: tornar-se cada vez mais atraente – em termos físicos, emocionais e todos os outros.
Armadilha: fazer tudo para atrair os outros e agradá-los, perder a identidade.
Dons: paixão, gratidão, apreço, comprometimento.
O Amante também é conhecido como o parceiro, o amigo, o íntimo, o casamenteiro, o entusiasta, o sensualista, o cônjuge, o construtor de equipes e o harmonizador.
Lema: “Só tenho olhos para você”.
As marcas do Amante
As indústrias da moda, cosméticos, turismo e jóias frequentemente se utilizam do arquétipo do Amante. Pense nos anúncios de perfumes e em marcas de cosméticos, como a L´Oréal.
Seus anúncios são sensuais e elegantes – muitas vezes até mesmo eróticos. São empresas que produzem produtos cuja função é ajudar as pessoas a atrair o amor.
Qualquer marca cuja promessa implícita ou explícita, seja de trazer beleza e atração sexual é uma marca do Amante. A Victoria´s Secret é outro exemplo óbvio.
Também podemos encontrar o Amante nas categorias de alimentos e bebidas, como vinhos e iguarias finas, nas quais a sensualidade e o prazer são partes essenciais da experiência de consumo. Por exemplo: Café Nespresso, massas Barilla, sorverte Hagen Dazs.
Nos dias de hoje, a sexualidade está cada vez mais presente na propaganda. Obviamente, a camisinha é um acessório fundamental na jornada do Amante. A marca Durex fez um fez um anúncio mostrando um casal, com perfil sofisticado e de bom gosto, fazendo amor. A legenda dizia o seguinte: “O corpo humano tem mais de 70 km de nervos. Aproveite a viagem”.
As bebidas alcoólicas reduzem a inibição e, assim, são frequentemente associadas ao sexo.
A Guess Jeans costuma exibir anúncios com mulheres em poses bastante sensuais. Apesar vestidas, a mensagem é de sedução. Às vezes elas parecem à beira do orgasmo, mas sempre têm o aspecto sedutor.
A marca Channel é um exemplo clássico do uso do Arquétipo do Amante. Surgida na França, no início do século XX, a marca foi criada por Coco Chanel, uma filha “bastarda” de um caixeiro-viajanete e uma balconista. Após a morte da mãe e do desaparecimento do pai, ela viveu em um convento e, depois de crescida, ganhou a vida como costureira. Com muitos sonhos românticos, mais tarde, ela tornou-se cantora de cabaré e amante de um conhecido playboy, que a encorajou a abrir uma lojinha de roupas.
Chanel era bastante ousada, que chocava as pessoas de seu tempo. Usava roupas masculinas e usou uma cueca como inspiração para uma linha de roupas femininas – trajes tinha estilo e que eram, ao mesmo tempo, sexy e confortáveis.
Ao longo de sua história, Chanel buscou integrar o conceito de mulher independente com o de mulher sexy, destruindo a ideia de que a mulher que não depende inteiramente dos homens é masculinizada e sem atrativos.
Quando era amante do grão-duque russo Dmitri, ele a apresentou a uma perfumista que estava exatamente desenvolvendo o perfume que ela mais tarde, depois de convencê-lo a lhe ceder o produto, lançaria como Chanel No 5.
Sua reputação de amante de homens ricos e famosos acabava por fortalecer o Arquétipo do Amante em seus produtos.
Quando perguntada sobre o motivo pelo qual não quis se casar com o duque de Westminster, um dos maiores milionários da Europa, ela respondeu o seguinte: “Já houve várias duquesas de Westminster. Chanel, só uma”.
Os níveis do amante
Motivação: paixonite aguda, sedução, aproximar-se (de uma pessoal, uma ideia, uma causa, o trabalho, um produto).
Nível 1: buscar sexo formidável ou um grande romance.
Nível 2: seguir a própria visão de felicidade e comprometer-se com a pessoa ou objeto amado.
Nível 3: amor espiritual, auto-aceitação e a experiência do êxtase.
Sombra: promiscuidade, obsessão, ciúme, inveja, puritanismo.
O Amante é uma boa identidade para uma marca:
– Cujo uso ajuda as pessoas a encontrar amor ou amizade.
– Cuja função promove a beleza, a comunicação ou a intimidade entre as pessoas, ou está associada à sexualidade ou ao romance.
– Com preços que vão de moderados a altos.
– Que seja produzida ou vendida por uma empresa com uma cultura organizacional íntima e elegante, ao contrário da hierarquia maciça do Governante.- Que precise se diferenciar, de modo positivo, de marcas com preços mais baixos.
Serão publicados artigos para cada um dos arquétipos. Clique aqui para ler o artigo sobre o o Arquétipo do fora da lei.
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Sobre o autor:
Tito Santos é Co-Founder e CEO da Agência Azul. Desde 2008, quando fundou a Azul, vem ajudando a construir o sucesso de marcas como como Uncle Ben’s (Mars), Twentieth Century Fox, Amil (UnitedHealth Group), FQM Melora, Cervejaria Devassa (Heineken), Rede D´Or, Bodytech, Shopping Leblon e Editora Record, dentre outros.