O palhaço, o malandro, o comediante, as crianças pequenas, com sua espontaneidade e alegria, e todos aqueles que incorporam o desejo de “bancar o bobo” estão se apropriando do Arquétipo do Bobo da Corte.

O Bobo da Corte não quer se divertir sozinho: quer sair para brincar com outras pessoas. Seu habitat é o parquinho de diversões, o bar do bairro, o happy hour, a praia, a praça ou qualquer lugar onde as pessoas possam se divertir.

Enquanto o Cara Comum e o Amante exercem uma certa auto-censura, o Bobo da Corte se solta de forma irrestrita, demonstrando uma forte crença na ideia de que as pessoas podem ser aceitas agindo de forma autêntica.

Por vivermos tempos tão sérios e politicamente corretos, o Bobo da Corte tende a ser uma ótima identificação para marcas, já que todos temos grande sede de diversão.

O Bobo da Corte se encaixa perfeitamente quando é necessário lidar com as regras e os absurdos das burocracias anônimas do mundo moderno – pois é capar de lidar com todos os assuntos com leveza e tem especial satisfação em quebrar as regras.

Isso explica o sucesso do humor politicamente incorreto no mundo todo. De certa forma, o humor consiste justamente em quebrar as regras, em falar aquilo que não é apropriado ou convencional.

Desejo básico: viver no momento presente, com alegria total.
Meta: divertir-se e alegrar o mundo.
Medo: aborrecer-se ou ser maçante.
Estratégia: brincar, fazer piadas, ser engraçado.
Armadilha: desperdiçar a própria vida.
Dom: alegria.
O Bobo da Corte também é conhecido como o tolo, o bobo, o malandro, o trocista, o blefista, o trocadilhista, o animador, o palhaço, o travesso, o troteador ou o comediante.
Lema: “Se eu não puder dançar, não quero tomar parte na sua revolução”.

Imagem do MeM amarelo

As marcas

A disposição em quebrar regras faz com que o Bobo da Corte seja um ótimo Arquétipo para marcas inovadoras e disruptivas.

Ele também constitui uma boa identidade de marca para coisas que não necessariamente fazem bem à saúde, como alimentos divertidos. O Bobo da Corte diz: “Não se preocupe tanto com isso. Divirta-se”. M&M´s, Snickers, Pringles, Trident e Skittles são alguns exemplos.

Trindent, a goma de mascar sem açúcar, que no Brasil tem 80% de market share, vira do avesso a expectativa de que chiclete faz mal para os dentes.

O Bobo da Corte não gosta de ser o estraga-prazeres. Também detesta pessoas sem senso de humor ou sérias demais.

Um aspecto negativo do arquétipo do Bobo da Corte é o de sempre brincar com a vida sem nunca lidar ou refletir sobre certos aspectos e ideias, que podem ser sérios.

O Bobo da Corte, o infrator de regras, tem uma história longa e honrosa. Os reis medievais geralmente tinham um Bobo que não apenas divertia a todos na corte, mas era capaz de dizer verdades inconvenientes ao rei. Coisas que outros seriam executados por dizer.

A capacidade de debochar dos líderes está bastante presente nesse Arquétipo. Nesse sentido, ele pode ser muito interessante para marcas que buscam se posicionar como alternativa a uma marca estabelecida, como foi o caso de Pepsi.

O Bobo da corte tradicional debochava dos costumes e pomposidades da corte – e até mesmo do rei. Assim, qualquer marca que esteja desafiando uma marca líder absoluta pode se destacar se debochar da presunção da marca estabelecida – como Pepsi conseguiu fazer com Coca-Cola.

Embora Pepsi tenha às vezes se desviado para outros territórios arquetípicos, seus melhores anúncios são sempre os do Bobo da Corte.

As organizações do Bobo da Corte fazem da diversão uma prioridade. A Ben & Jerry´s, por exemplo, se orgulha de ser um lugar onde é divertido trabalhar. As paredes são pintadas com cores vivas, inspiradas em sorvetes, algumas flores se movem e a equipe ganha vales-sorvete. A marca foi fundada por dois ex-hippies e, antes de ser comprada pela Unilever, chegou a ter um “ministro da alegria” oficial, e a realizar um concurso de ensaios para eleger seu novo presidente.

O Bobo da Corte ama a alegria do humor, da propaganda e do marketing. Ele não se intimida com mudanças radicais e disruptivas no mercado. Ao contrário, isso o agrada: significa que regras estabelecidas serão quebradas. O Arquétipo do Bobo da Corte nos ajuda a nunca esquecer do bom-humor e a manter as campanhas de comunicação em constante renovação, de modo a ainda conseguir atenção dos consumidores nesses tempos de milhares de distrações e notificações diárias.

logos da Fanta, Skittles e Pringles

Os níveis do Bobo da Corte

Motivação: tédio, aborrecimento.

Nível 1: a vida é um jogo, diversão.
Nível 2: usa a esperteza para enganar os outros, livrar-se de problemas e se desviar dos obstáculos.
Nível 3: a vida é experimentada no momento presente, um dia de cada vez.

Sombra: autocomplacência, irresponsabilidade, brincadeiras mesquinhas.

O Bobo da Corte é promissor para oferecer identidade às marcas:

– Cujo uso ajuda as pessoas a pertencerem, ou sentirem que pertencem, a um grupo.
– Cuja função ajuda as pessoas a se divertirem.
– Com preços de moderados a baixos.
– Produzidas e/ou vendidas por uma empresa que tem uma cultura organizacional divertida.
– Que precisam se diferenciar de alguma marca estabelecida que tenha presunção e excesso de autoconfiança.

Serão publicados artigos para cada um dos arquétipos. Clique aqui para ler o artigo sobre o o Arquétipo do fora da lei.

Ou clique aqui para ler o artigo sobre o Arquétipo do Explorador.

Clique aqui para ler o artigo de introdução aos arquétipos de marca.



Sobre o autor:
Tito Santos é Co-Founder e CEO da Agência Azul. Desde 2008, quando fundou a Azul, vem ajudando a construir o sucesso de marcas como como Uncle Ben’s (Mars), Twentieth Century Fox, Amil (UnitedHealth Group), FQM Melora, Cervejaria Devassa (Heineken), Rede D´Or, Bodytech, Shopping Leblon e Editora Record, dentre outros.